
O setor dos edifícios representa cerca de 40% do consumo energético na União Europeia. Em Portugal, apenas em 1990 surgiram os primeiros critérios regulamentares para conforto térmico e eficiência energética com a publicação do Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE), cujas exigências foram reforçadas em 2006, 2013 e 2020. Ainda assim, mais de 80% das habitações no país apresentam baixa eficiência energética. Cerca de 33% da população vive em casas com humidade, infiltrações e bolores; 21% não consegue aquecer a habitação; e quase 40% enfrenta desconforto térmico no verão, evidenciando problemas de pobreza energética.
No contexto de uma colaboração promovida pelo EU Energy Poverty Advisory Hub (EPAH), que incluiu a CCDR Centro, o Município de Arganil e a HES Engenharia, foi estudado o panorama energético e social de Arganil. Foram monitorizadas 9 habitações entre fevereiro e dezembro de 2024 com sensores de temperatura e humidade, inspeções técnicas e inquéritos aos ocupantes. Avaliaram-se o conforto térmico com modelos adaptativos, as vulnerabilidades socioeconómicas, os riscos de saúde relacionados com humidade e bolores e a exposição à pobreza energética.
Constatou-se que 74% dos edifícios em Arganil foram construídos antes de 1990, 66% necessitam de reparações, 13% não dispõem de sistemas de aquecimento e 43% utilizam sistemas ineficientes, como lareiras de fogo aberto. Os resultados obtidos para as habitações monitorizadas revelam situações de alta vulnerabilidade. As temperaturas interiores variaram entre 6°C e 33°C e a humidade relativa entre 30% e 94%, condições que favorecem condensações superficiais e a germinação de bolores. Os registos fora do intervalo de conforto (18-25°C) foram frequentes, refletindo a dificuldade das famílias em manter habitações salubres e confortáveis, o que agrava os riscos para a saúde.
Análise do Clima Interior de edifícios residenciais no concelho de arganil_v6.pdf